descrição
É escura a cabeça das pedras onde simulo a noite, é escura e não vejo para onde vou, por isso quase sempre piso as emendas por onde a estrada desequilibra as pernas, os sonhos e o vento. Às vezes paro, estendo as mãos para as paredes e procuro ver para lá da cegueira com que as sombras cobrem o dia. Já nem o candeeiro me desvenda os passos… inspiro fundo, ajeito a gola do casaco e procuro o silêncio. Não se deve falar demasiado porque a vida está sempre a espreitar-nos e todo o otimismo escrito nas paredes estremece num horizonte de pálpebras.