descrição
Vai a pena lavrando no papel,
E eu à rabiça, a destilar tristeza.
Mas herdei de meu Pai esta certeza
De que a própria desgraça se semeia...
Ninguém sabe o que pode a natureza,
Que tem a cesta cheia
De maravilhas...
Sigo, mourejo,
E de repente vejo
Que os sulcos, a meus pés, são redondilhas!
Miguel Torga (Penas do Purgatório, 1954)