descrição
A timidez do orvalho procurou a pele da flor, agitando-a. Por instantes, toda ela se abriu num golpe de luz chamando o vento para junto dos dedos, logo esqueceu a morte para melhor aprender a vida e com isso redescobriu a beleza, os enigmas do corpo e o movimento errante do coração. Juntos, orvalho e flor, descobriram tanto… aprenderam mundos que não cabem na estreiteza das palavras; aprenderam ilhas desconhecidas por nunca as procurarem; aprenderam, na navegação dos afetos, os dois mestres verdadeiros: o mar e as mãos que o perdem, mãos de mil e um marinheiros, mãos calosas, com pouco mel e desacostumadas a dormir... agora sabem que o essencial cresce no silêncio das palavras que um dia foram ditas por isso não esperam; visitam-se já, enquanto o poema não envelhece…