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Um café depois de almoço
Quando está calor no verão, levo o tempo a reclamar, afogueada, desejosa que o tempo refresque para que possa sair de casa sem me darem afrontamentos.
Nesses dias de verão. Só saio de casa de manhãzinha, ou depois à tarde quando o sol muda de cor. Grande parte do dia fico-me por casa, só com uma bata vestida e a abanar-me com o leque que a minha amiga Violante, que Deus tem, me trouxe de uma excursão ao estrangeiro.
Ela foi até Badajoz! Lembro-me bem que me trouxe o leque e um saquinho de caramelos.
Nos dias em que sai a revista da TV, saio a fim da tarde e compro a revista e uma raspadinha. Só uma! Apesar de às vezes a vontade ser muita para comprar mais. Houve uma vez que não me controlei e fui comprando, comprando e depois andei à rasquinha para ter para os gastos da casa.
Serviu-me de lição! Desde essa altura, só uma!
Nesses tempos de verão, às vezes depois de jantar ia até à porta da rua dar dois dedos de conversa com as vizinhas, mas agora, as que não estão mortas estão entrevadas. Já ninguém vem à rua. Às vezes ainda espreito à janela… mas não é a mesma coisa.
Quando o tempo começa a ficar mais brando e os ossos me começam a doer, tudo muda. Deixo de sair de casa logo de manhã cedinho e à tardinha já estou fechada em casa. As frescuras e a humidade assim me mandam.
Agora no outono e inverno não compro raspadinhas, nem tão pouco compro a revista da TV a meio da semana. O dinheiro está caro! Em vez de ter estes gastos, ao domingo depois de almoço venho aqui ao café. Gosto da mesa aqui junto da montra. Tem mais luz.
Sento-me, peço um carioca de café e um queque. Tenho o hábito de partir os biquinhos tostados do queque para comer no fim.
Vou comento o bolo, beberricando o carioca de café e lendo as revistas que vêm nos jornais. Às vezes ali a Loirinha’´, a dona do café até me deixa levar para casa uma das revistas.
É assim quando o tempo está fresco, húmido e me doem os ossos! É assim a minha meia hora de felicidade semanal.