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Fez-se história numa extensão de aproximadamente 200 metros, quando em 1952 foi inaugurado, no Porto, o primeiro túnel rodoviário do país - uma obra pioneira em Portugal e localizada no coração da Invicta.
Falamos do Túnel da Ribeira, que se tornou a ligação óbvia para a circulação entre a zona ribeirinha do Douro e o Centro Histórico do Porto, mas que curiosamente nasceu de um projeto falhado para o prolongamento da marginal.
O "anteprojeto para o prolongamento da estrada marginal, na margem direita do rio Douro, entre a Ponte Luiz I e a Foz (...) previa, na zona da Ribeira, a passagem da estrada à cota das atuais ruas de Cima do Muro, do Muro dos Bacalhoeiros e da Praça da Ribeira, sobre uma monumental arcaria de granito", referia, num texto publicado em 2013 no Jornal de Notícias, o jornalista e historiador Germano Silva, autor de vários livros de história da cidade do Porto.
Contudo, esse plano não chegaria a passar do papel: "O projeto acabou por não ser concretizado. E, em vez dele, surgiu a ideia do túnel. Este foi o primeiro túnel rodoviário que se construiu em Portugal", acrescentava Germano Silva.
Os trabalhos de abertura do túnel (veja fotos do Arquivo Municipal do Porto) tiveram início em 1947 e não estiveram isentos de percalços. Logo nesse ano, registou-se o abatimento de parte da Capela do Ferro. "Por causa das obras do túnel deu-se um grave aluimento de terras na escarpa, pondo em perigo a integridade do edifício do Seminário Maior", lia-se numa notícia de 1949 no JN, citada por Germano Silva.
Ultrapassados todos os problemas, a obra acabou por concluir-se, tendo o Túnel da Ribeira sido inaugurado no dia 28 de maio de 1952, pelo então Presidente da República, general Craveiro Lopes. Fazia-se história no Porto, com a abertura do primeiro túnel rodoviário construído em Portugal.
Esse foi, de resto, um dia recheado de inaugurações na Invicta e arredores. Para além do Túnel da Ribeira, Craveiro Lopes cortou também a fita do antigo Estádio do Futebol Clube do Porto, eternamente conhecido como Estádio das Antas, e ainda do bairro dos pescadores da Afurada e da Ponte da Foz do Rio Sousa, na altura uma obra de engenharia, dotada do maior arco de betão armado do país.