descrição
Começaste a envelhecer antes que o tempo tivesse chamado por ti. Tinhas pressa – sempre foste assim… –, tinhas pressa e nunca me davas ouvidos. E eu que sempre te dizia que os sonhos e o Amor não têm relógio… sabes que ainda guardas cantigas de embalar, dedos finos em agitação e risadinhas cúmplices? Sabes que a Eternidade se reinventa no cristal fino das tuas palavras? Sim, sabes, tal como sabes que a luz dos sonhos nunca adormece. Ainda assim, assobias para dentro dos bolsos enquanto atiras o olhar ao chão; sempre foste assim, direta, desassombrada, alguém que rejeita o belo por não se útil, que usa as palavras para aprender a esquecer. E hoje, o que fazes é permanecer só, sem nome, a escutar longínquas vozes nas varandas inquietas de cada fim da tarde.