descrição
Serei eu, sempre…
(de Pai para Filhas)
Serei o teu porto seguro,
na erosão do tempo
e na acidez dos dias,
onde se afia e desgasta a lâmina do futuro.
Serei um estuário
onde amainar os teus medos
e as questões mais sombrias,
ou quando o teu rio quiser correr ao contrário.
Serei um pontão de sonho ou de aço,
para proteger-te
das ondas de fel e de cimento,
trazidas pelas marés da cegueira humana,
e do moer do peito fechado
que, de dor, se vê aberto
pelos desamores que nos trocam o passo.
Serei os teus olhos na noite insana,
ou a tua árvore num dia deserto.
Serei a ausência ou o firmamento,
conforme a luz ou o fado,
conforme o caminho ou a fome.
Tu dirás o que eu serei em cada momento.
Tu dirás o destino e o nome,
do que serei eu,
o que caminha ao teu lado.
José Miguel Oliveira
AV 24-03-2018