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Olhos de Água
A alma à entrada dos olhos
perdida num labirinto
de ventanias desgovernadas
nos meus cabelos
Não vejo daqui as estrelas
nem a minha visão é clara
na imensa lonjura do sol poente
no teu olhar
Canto ainda a liberdade
até ao regresso da primavera
a rasgar um corpo de terra
para a primeira semente
que guardas nas mãos
O dia não sabe,
mas, à noite, sem pressa
caminhará pelo meu corpo,
tal um sonho nascente
nos olhos de água
Sem pressa
a alvorada é de longe,
a mais curta distância
até aos ocasos…
Marta do Vale