descrição
O vento parou-te debaixo dos dedos, segura-te o cabelo molhado pela chuva onde gatos com cio gemem sílabas que não envelhecem no peito. Mas a água não te incomoda por isso não te deténs, perdes-te no próprio passo atravessando mil pontes amarradas por cadeados com juras de amor eterno, corres por entre igrejas do tamanho dos séculos e de todas as idades, voas pelas avenidas sem te cansares, tu que tens a jovialidade de uma menina que cresce no tempo mas não envelhece, e eu, que tenho mais coisas para amar do que tempo, prometo-te amor eterno, felicidade e outras mentiras que saem em papelinhos amarfanhados dentro de rebuçados.
E é assim que, tonto de ti, entro no teu abraço de rio sonâmbulo, inebriado de uma quase embriaguez feminina a queimar-me o corpo num instante florido de canteiros à beira-água que passa mais lentamente do que o tempo… todo o tempo.