descrição
(Nascer do sol com neblina, Praia dos Pescadores, Julho de 2020)
Quando entraram dois carros até juntinho ao mar, eu tive certeza que eram turistas. O perfume da arrogância estava no ar. A placa de Proibido carros na areia foi ignorada e dos carros saiam todos os tipos de aparelhos. De longe vi a docilidade deste baterista. Eu nunca vi algo assim! Adoro a selvageria dos bateristas... De paixão mesmo! Mas este aí, ficou lá, sentadinho... de costas para o sol enquanto tudo era arrumado.
Iriam gravar um clipe gospel na Praia. No momento estava na água apenas eu e um pescador a buscar iscas. Um dos infames que estavam gravando chegou até nós com ar de superioridade, segurando sua câmera acoplada a um tripé fechado: Vocês dois precisam sair. Iremos gravar um clipe agora.
Ah! Era tudo o que eu queria ouvir!
Eu precisava sair da praia que meus antepassados eram donos por que um bando de "famosos quem?" iria gravar. Ah! Como eu adoro ser provocada! Mas amo ironizar nestes casos...
Apenas disse educadamente: Eu cheguei primeiro. Querem a praia só pra vocês num domingo?
Terminei de registrar o pescador e com passos lentos e seguros, fui ao pé do Morro, onde registrei mais pertinho do sol. E naquele momento era o melhor local para se registrar! Toma trouxas! A maré tinha recuado revelando pedras únicas e exuberantes... Aprendam a observar antes de se impor!
Não estou com vontade de postar a imagem deles. Quem quiser vê-los, estão aqui na nuvem:
https://1drv.ms/u/s!AuQ17McUpuoNgsFI88U1P8n_jMIrmA
Eles estavam posicionados num lugar totalmente desfavorável. Escolheram um péssimo dia, pois a neblina caia feroz. Havia todo tipo de clichês na gravação... O que adianta ter equipamentos bons se o resultado é medíocre? Pra se registrar algo há que possuir respeito por aquilo que está eternizando. Tanto pelo local, quanto pelos personagens. Há que se ter um mínimo de conhecimento artístico... Coisas que o dinheiro não compra.
...E o coitado do baterista sem dar surra na bateria. Tocando tão gentilmente que até quando eu toco meu violino o meu som é mais poderoso...
Eu, hein! Às vezes as baquetas nem tocavam nos pratos. Estava apenas encenado. Como sei? Meu sangue quente latino me levou a ficar por menos de 1 minuto os observando ironicamente bem atrás deles... Dei a volta e fiquei absorvendo. Adoro maus exemplos. Pois são a prova viva do que eu não iria fazer. Não aguentei a hipocrisia da letra. Que o mundo era do Senhor. Um Deus de Amor...
Sei... E me expulsam do tal mundo do Senhor... Eu mereço cada uma!
Odeio clichês...