descrição
Dizia as letras do teu nome em voz alta, devagar como quem saboreia os frutos do outono fora da estação. Uma história. Um mundo inteiro dentro do perfume feminino a mover-se na saliva encarnada, da ponta da língua à porta da pele, aí onde acabamos invariavelmente mudos, a pele rasgada e os vestígios de uma coisa que normalmente é outra coisa.
A respiração descosida empurrou-nos para a rua onde de ti nada mais soube e de mim apenas a certeza do corpo trocado por fumo, uns copos de absinto, palavras vazias e até mesmo o suor de um outro corpo. Tempo perdido... e a língua do relógio a segredar-nos o caminho dos limos, água inquinada onde outrora ardemos completos.
A noite é a minha ressaca enquanto o mundo inteiro volta a cara para o outro lado e os dedos se fazem morada impossível. E todo eu sou fragmento a iludir o movimento que bate num só, sem eco de tanto acontecer. Por isso te peço... mas nada me deves...