descrição
no início, no tempo dos chinchorros e das xávegas pequenas, todo o trabalho de tracção de redes e barcos era feito pelos homens e mulheres da companha.
para isso punham a tiracolo uma alça de couro, o "tirante", que os mais novos atavam a cordas e redes. dobrados, quase em paralelo com a areia, o trabalho durava horas.
eram primeiro os barcos, depois as redes. nestas circunstâncias não se faziam mais de 2 lanços por dia.
com o aparecimento das grandes xávegas e dos barcos de 4 remos e 48 tripulantes, houve que recorrer a outra forma de tracção. como perto da praia havia sempre zonas de agricultura começaram a ser utilizados bois para substituir o homem. aparece um novo actor na xávega: o boieiro
embora haja alguma discordância, entre os autores que se dedicam à história da xávega, sobre a data de início de utilização, o documento mais fiável que encontrei é uma reportagem publicada no campeão das províncias de 30 de novembro de 1880, que relata o salvamento do vapor nathalie, que tinha naufragado 2 quilómetros a sul da torreira.
aí se diz que o empresário, manuel firmino d'almeida maia, dono do mesmo jornal, recorreu a 18 juntas de bois das suas companhas para arrastar o barco de mar pela areia até ficar em frente ao nathalie.
ou seja, a utilização da tracção animal, remontará a anos anteriores a 1880.
até à década de 90 do século passado, foi este o método utilizado para tracção de redes e barcos.
com a crise das pescas, os barcos diminuem de tamanho, passam a ser de 2 remos e as receitas não dão para pagar a bois. cessam os bois e, durante alguns anos, poucos, retoma o homem o trabalho que há mais de um século era feito por animais.
a curo prazo surgem os tractores, com pneus cheios de água (90%) e ar, que se deslocam pela areia e traccionam barcos e rede.
(praia de mira - companha do zé monteiro)