descrição
Atenção, a primeira parte deste texto está escrita como na época se escrevia...
Pêro da Cunha Coutinho Foi casado com D. Brites de Vilhena.
Deste casamento não houve filhos e por isso os dois esposos decidiram, num acto de piedade, devotar sua casa e todos os seus bens, onde se incluía o Senhorio da Maia, para a fundação, nesse preciso lugar, de um Convento para religiosas, que adoptaria a observância Franciscana e se chamaria CONVENTO DA MADRE DE DEUS DE MONCHIQUE.
Nesse sentido se dirigiram ao Papa, corria o ano de 1535 quando chegou a Bula de Paulo III, que autorizava a fundação do Convento.
Pêro da Cunha Coutinho já havia falecido no ano de 1533, pelo que coube inteiramente a sua esposa toda a honra da fundação.
Expandia-se o Convento desde o cimo de Monchique até ao rio, numa sucessão de edifícios que se completavam, e onde havia "duas claustras mui singulares"! cada uma com o seu chafariz, jardins, hortas e fontes. Referindo-se à situação do Convento, diz o Padre Novais, na sua Anacrisis:
"Porque está en lo vitimo dei Barrio de Miragaya, en la feligresia de S. Pedro, fuera de los muros de la ciudad, en la Baxada del monte de los ludios y torre de la marca, enfrente de la Piramide Puesta para ancorar los navios, jantes que sean Registrados, porque no pueden passar adelante hasta serlo, as si del Comissario de la Santa Inquisicion, que de offício le toca a Bien de Santo Domingo, y a los luizes de la salud".
Ainda sobre o mesmo assunto, diz frei Fernão da Soledade, na sua história Seráfica e Cronológica da Ordem de S. Francisco na Província de Portugal, no ano de 1709, ao descrever a Topologia do Convento:
"Correm os dormitórios antigos & officinas formadas nos Paços dos Fundadores, do Nascente ao Poente à vista do rio que lhe fica da parte sul, & da Banda da terra em correspondência daquelles se estendem os modernos, finalizando igualméte hus, & outros nas extremidades da Igreja, que no Ocidente corre do Sul ao Norte; & pelo mesmo estylo os fecha, & prende na parte Oriental hum dormitório, no meyo do qual apparece a entrada do seu grande, & fermoso pateo, circunvallado dos mesmos edifícios. O da Igreja he muyto nobre, & devoto, como Caza de Deos, se empenhão as suas Esposas cõ gravissimas despesas no seu aceyo & perfeyção".
Por sua vez, Pinho Leal, no seu Portugal Antigo e Moderno, informa:
"A cerca era em diferentes planos, comunicados entre si por escadarias. No recinto do difícil, havia três tanques com seus repuxos e bacias; um na claustra pequena, que era a mais antiga, junto à Capelinha; outro na grande claustra, e no espaçoso pátio da entrada, todo lajeado, com 16,8 m de largo, por 44,7 m de comprido. Nas cercas havia ainda diferentes cascatas, com figuras e azulejos, o que tudo com o correr dos anos foi caindo em ruínas".
Seguido a todo o conjunto conventual, ficava a "Casa dos Capelães" e "Hospedaria onde se recolhiam as famílias das religiosas, quando se deslocavam a esta cidade (Porto) para as visitar.
É nesta casa que hoje se encontra aquartelada a Guarda-fiscal e nela se pode admirar, no alto da sua fachada, o Brasão do Convento.
Tinha este Convento, como todos, a sua igreja. Só que esta era, a par das suas congéneres também Franciscanas, de Santa Clara e de S. Francisco, considerada como jóia muito bela, talvez por ser de menor dimensão e assim mais sobressaírem os ornamentos de que se encontrava recheada.
O seu pórtico Manuelino, da autoria de Diogo de Castilho, tinha um tímpano sobrepujante ornado com as armas pontifícias e sob este, ao meio, um brasão esquartelado, com as armas dos Cunhas e dos Coutinhos.
Este pórtico encontra-se hoje nos jardins do Museu de Soares dos Reis, onde pode ser admirado, bem como a lápide funerária dos fundadores, onde se lê:
ESTA.SEPVL TVRA.DOS.MVIMANIFICOS.SENHORES.PEDRO.DA.CVNHA.QVOVTINHO.E.DONA.BRITIZ.DE VILHANA.SVA MOLHER.