descrição
Chegas tarde, a noite presa às mãos e nenhum lugar a que consigas chamar teu. No silêncio escutas a respiração onde sirenes não apodrecem e a vertigem da fuga é filme a rodar no diagrama improvável das coisas.
Do outro lado da barricada, és anjo negro com a sombra de ti mesmo, esquecendo-se, quem te julga, de que houve alguém que te fez voar com palavras nas asas e promessas maiores do que o medo.
Por isso, ficas imóvel, de olhos fechados, à espera de que a película corra até ao fim e a sala, já com as cadeiras vazias, boca aberta e dentes amarelos, te anuncie a derradeira verdade: Deus está morto e tu cada vez mais só.