descrição
Quiseste olhar para além do que os olhos podem ver, quiseste olhar com o corpo nas pontas dos pés, olhar muito, mais do que a loucura, e agora, agora que o chão te sobra nos pés, é o tempo quem te olha do alto deste carrossel de inesxistir, é ele que te estende os braços num silêncio de árvore na campanha do inverno, porque um dia os lábios arrefecem junto das veias cansadas de tanto procurar. E eu, que chego tarde, como sempre me dizias, de ti guardo a flor de sangue no céu desamparado de nuvens, onde os versos que te escrevia ainda seguram o novelo da tua voz.