descrição
As cartas lançadas sobre a mesa arriscam sonhos pelas mãos. Nunca o futuro se fez com tantas palavras proibidas, palavras impossíveis, confundindo o coração com esta pedra circular que se me abre, como garganta, diante das pálpebras.
Lá em baixo, passas com a luz e eu, sem saber se te chame ou se te evite, escondo-me na grande montanha de silêncio como réptil na sombra.
E tu continuas lá em baixo, a passar rente ao meu olhar, dou-te outro nome para ver se as cartas te adivinham. Se és verdade, existes e qualquer lugar é chão onde até os malmequeres falam e jogam xadrez com os deuses. Se és verdade, existes, mesmo que eu esteja longe, junto a uma paisagem extinta, sem ninguém ouvir, cada vez mais longe de regressar e adormecer talvez.