descrição
Há linhas indecifráveis a percorrer abismos com que um esconde a morte do outro e, no inverno das veias, cresce o silêncio, solta-se a mortalha, exulta-se a tinta sem gramática ou papel. Eu pergunto, mas os passos logo sangram, a palavra suspende-se no movimento inaugurando lugares, linhas selvagens com a força do vento que atravessa o dizer em mutismo acentuado; afinal, a mão apenas se faz fértil na seara do ventre, esse membro a escavar vida respirada na pausa-espaço que o Homem ousou e o próprio deus quis ignorar.
E, contudo, escrevo.