descrição
Quis um dia alinhar os lábios com a rota dos peixes porque todo o aquário é o eterno outono por debaixo da luz. Quis um dia reescrever a pele ou tocar flauta nos teus braços para que o coração não mais esqueça os versos de rima perfeita onde guardamos o sonho e riscamos a loucura. Abríssemos nós as mãos à metamorfose do poema e talvez ainda conseguíssemos resgatar a fotografia na carteira, bolso esquerdo do casaco, sem peso, moldura ou impressão digital. Ah, como o tempo permaneceria completo, indivisível, linguagem secreta a afastar lobos e melancolia: segurando a tua mão, só o mundo do lado de fora envelhece.