descrição
Não mais creio em ti, Tempo. Não mais. Tenho agora a companhia do silêncio, desta casa a sorver objetos e de uma luz tímida que me ampara os ossos antes da terra chegar à boca; Não, não acredito, prometeste-me paisagens para sempre que os meus olhos, cada vez mais cansados, deixam de conseguir adivinhar.
Hoje, despeço-me de ti, Tempo, porque as tuas mentiras não mais cabem nas falésias do sonho, na queda dos anjos ou nas vertigens do sangue. Despeço-me e não espero, mesmo que sozinha, até ao fim dos dias, num teimoso e improvável recomeço.