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no mês de agosto, no seu blog "marintimidades", a drª ana maria lopes editou uma entrevista feita em 1985 ao "ti manel taínha", da costa nova, sobre a arte do salto.
penso que é interessante continuar esta viagem transcrevendo um trabalho com quase um quarto de século.
(Cont.)
http://marintimidades.blogspot.com/2009/08/o-saltadouro-do-ti-tainha-iii.html
O "saltadouro" do Ti Tainha - III
Toda a nossa atenção é pouca. É necessário estarmos atentos a muitos pormenores. Pare ele, parece que tudo é feito mecanicamente.
Cada estaca é espetada no sítio certo, cada nó é dado no sítio certo; só a arte, a perícia, a destreza de quem pratica estas acções ininterruptamente no tempo, há cerca de sessenta e cinco anos, o justificam.
Aos dois primeiros espaços de rede branqueira, colocados, verticalmente, entre três varas, dá-se o nome de arinques. A seguir, sempre, verticalmente, entre varas, seguem-se os cinco adagues.
Entra o salto em cena, rede também de três panos, aérea, mas apenas com tralha de chumbo, que fica por cima dos 5 adagues. Fixa também em varas colocadas mais altas, com uma inclinação de 35 a 45 graus, relativamente à superfície da água.
Terminados os cinco adagues, o Ti Manel inicia o lançamento à tona de água de uma rede singeleira (de um só pano), também chamada peixeira, rabeira ou rede de cerco, já que a sua função é cercar e conduzir o peixe até à parte central da rede, que passa por fora das quatro varas primeiramente espetadas e que pode flutuar, junto à praia.
Está montada a arte.
Entretanto, o Ti Manel começa a bater na água, com uma vara, em movimentos certos, fortes e ritmados para afugentar o peixe em direcção ao salto.
As tainhas encontram a passagem interrompida, e seguem guiadas pelo cerco para ver se encontram alguma abertura, até à espiral, onde se introduzem.
Aí, a sombra da rede, o bater da vara, fazem-nas saltar de susto e eis que caem na armadilha, armada fora da água.
(murtosa - torreira - algures no canal de ovar)