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A tinta congela na esferográfica por te saber a respirar tão longe, Pai. Há palavras que carregam a espessura do sangue, palavras que iluminam os lugares escuros por onde as aves passam na corrida contra o frio, são palavras que chamam pelas nuvens e despedem a morte, palavras com erro, palavras-verdade, palavras que são todo o amplexo do dizer, capazes de mover a mais dura rocha pela raiz, mesmo se a tinta congela na esferográfica, Pai…
Mas, que importa? São apenas palavras, desenhos organizados à roda do pensamento, quando tu és os olhos a florir, árvore subida da terra, tempo incorruptível e fruto primeiro de cada estação, que importa, Pai, se já aprendemos a tocar o complexo instrumento do silêncio?...